‘Psicose’ x ‘Bates Motel’




Por: Isla Vieira e Brendo Araujo - 06/07/2013




Lançado em 1960, Psicose teve um orçamento de cerca de oitocentos mil dólares. Ao longo dos anos, conseguiu acumular um retorno estimado em 50 milhões em 2004. Portanto, nada mais natural e até previsível que a Universal tenha, ao longo dos anos, demonstrado interesse em explorar a fama do filme ‘até o caroço’.
Na década de 1980 foram produzidas duas sequências, ambas estreladas por Anthony Perkins. Em 1990, Perkins voltaria ao personagem em um filme para a TV que apresentou a primeira tentativa da Universal em narrar a juventude de Norman Bates, interpretado nesta fase por Henry Thomas (o garotinho do filme E.T.). A última vez que vimos Norman Bates foi em 1998, quando Gus Van Sant se arriscou a dirigir um remake do filme de Hitchcock. O fracasso da produção levou a Universal a dar um descanso a Bates, que só reapareceu em público este ano, com a série produzida para o canal A&E.

Esta é a segunda tentativa da Universal de transformar o filme em série de TV. A primeira foi em 1987, quando um piloto foi produzido para avaliação. Também com o título de Bates Motel, a história apresentava a vida de Alex, um jovem mentalmente perturbado que, depois de matar seu padrasto, passa um período em uma instituição, onde faz amizade com Bates (aqui interpretado por Kurt Paul, dublê de Perkins nos filmes sequências). Alex herda a propriedade de Bates e, com a ajuda de dois amigos, reabre o hotel. A série nunca foi produzida, mas o piloto chegou a ser vendido a canais internacionais como telefilme.

A atual versão de Bates Motel foi anunciada em 2012. Seguindo a linha de Smallville, que conseguiu com sucesso retratar a juventude de um ícone da cultura popular, a série se propõe a mostrar ao público a relação que Norman Bates tinha com a mãe e como ele se tornou o assassino psicopata que o mundo conhece. Fazendo uso da nova moda das séries de TV (que parece ter substituído a moda dos vampiros), a Universal oferece mais um seriado sobre um assassino serial.

Quem assistiu ao filme original sabe que sua principal qualidade não está no roteiro mas na direção, que constrói lentamente o suspense da trama, a qual sofre reviravoltas que mudam o foco da história. O próprio Alfred Hitchcock dizia que a única coisa que o atraiu para a história foi a cena do chuveiro na qual a personagem, que todos pensavam ser a principal, é brutalmente assassinada, obrigando o público a acompanhar a trajetória da pessoa responsável por sua morte.


O filme surgiu de um livro escrito por Robert Bloch, que se inspirou na história de Edward Gein. Julgado em 1957 pela morte de uma jovem (embora acredita-se que ele tenha matado pelo menos duas mulheres), Ed passou o resto da vida em uma instituição mental. Edward foi criado pela mãe, Augusta, uma mulher religiosa e dominadora que desprezava o marido e acreditava que todas as mulheres (com exceção dela) eram prostitutas. Ed cresceu à sua sombra. Sem sair da fazenda onde morava, apenas para ir à escola, ele se tornou um rapaz tímido e solitário. Quando sua mãe sofreu um derrame, Ed cuidou dela. Após a morte da mãe, ele começou a roubar corpos no cemitério. Desmembrando-os, Ed utilizava a pele para fazer máscaras e revestimento de cadeiras, ossos e crânios como enfeites, e partes do corpo como acessórios de roupa e utensílios da casa.
  Ed se tornou referência na cultura popular. Dizem que ele serviu de inspiração para a criação de Norman Bates de Psicose, de Leatherface do filme O Massacre da Serra Elétrica, de Jame Gumb em O Silêncio dos Inocentes, e de Bloody Face da segunda temporada da série American Horror Story.

Bates Motel faz uma mistura de referências entre a ficção e a história que a inspirou. Na verdade, este é seu único trunfo, visto que a qualidade da história fica comprometida pela decisão dos produtores de não construir um suspense a longo prazo.

A série peca por solucionar rápida e facilmente (de maneira provisória ou definitiva) os problemas que são introduzidos a cada episódio. É natural que isso ocorra no filme, já que ele tem apenas 109 minutos de duração. tuações a longo prazo.

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