Críticas AdoroCinema
Deadpool 2
Uma regra estabelecida em Hollywood é que toda sequência de um filme de
sucesso precisa ser mais ambiciosa, nem sempre na narrativa abordada mas
com certeza de forma a tornar o espetáculo ainda mais exuberante - no
caso dos filmes de super-heróis, isto muitas vezes significa milhões e
mais milhões destinados aos efeitos especiais. Deadpool 2
não foge à regra, mas com o freio de mão puxado. O maior mérito desta
continuação é a consciência do que fez o original ser um sucesso: o
espírito zoeiro, seja através da verdadeira metralhadora de piadas que é
o personagem-título ou mesmo quando ultrapassa os limites, seja em
relação à violência visual ou mesmo ao próprio bom gosto. Deadpool é
assim, fugir deste conceito seria trair a essência do personagem.
Por
mais que esta continuação amplie o universo do anti-herói, com novos
personagens e até mesmo um supergrupo, há também um cuidado estético em
não demonstrar tal postura visualmente. Os efeitos especiais continuam
com um tom barroco, intencionalmente imperfeitos de forma a manter o tom
underground, assim como a fotografia tende sempre a um cinza
realista - o contraste com o amarelo dos uniformes dos X-Men não é por
acaso! Entretanto, se esteticamente Deadpool 2 demonstra ser um acerto, o mesmo não pode ser dito em relação ao roteiro.
Neste ponto, é importante diferenciar as piadas apresentadas da história contada. Desde o início, Deadpool 2 conta com situações engraçadíssimas, especialmente quando o personagem-título dispara citações e provocações à cultura pop - e às franquias "concorrentes" - ou à própria indústria cinematográfica, auto-exaltando o sucesso do original e reclamando não só do descrédito que recebeu internamente, na Fox, como dos estereótipos existentes nas histórias de super-heróis, nos filmes e nos quadrinhos. Mesmo agora mainstream, o filme mantém o espírito vira-lata - e isto é ótimo!
Em sua sucessão implacável de piadas, Deadpool 2 por vezes soa desconexo ao saltar em blocos por determinados ambientes. Ao mesmo tempo, capenga na condução de seus personagens coadjuvantes, especialmente Cable. Se Josh Brolin mais uma vez empresta sua expressão empedernida a um personagem que antagoniza Deadpool não só em lutas, mas também em tom, por outro lado trata-se de um herói excessivamente limitado - o que incomoda ainda mais quem o conhece das HQs. Bem simplório, o arco em torno do personagem se contenta em usá-lo apenas como a antítese de Deadpool. Desperdício.
Neste ponto, é importante diferenciar as piadas apresentadas da história contada. Desde o início, Deadpool 2 conta com situações engraçadíssimas, especialmente quando o personagem-título dispara citações e provocações à cultura pop - e às franquias "concorrentes" - ou à própria indústria cinematográfica, auto-exaltando o sucesso do original e reclamando não só do descrédito que recebeu internamente, na Fox, como dos estereótipos existentes nas histórias de super-heróis, nos filmes e nos quadrinhos. Mesmo agora mainstream, o filme mantém o espírito vira-lata - e isto é ótimo!
Em sua sucessão implacável de piadas, Deadpool 2 por vezes soa desconexo ao saltar em blocos por determinados ambientes. Ao mesmo tempo, capenga na condução de seus personagens coadjuvantes, especialmente Cable. Se Josh Brolin mais uma vez empresta sua expressão empedernida a um personagem que antagoniza Deadpool não só em lutas, mas também em tom, por outro lado trata-se de um herói excessivamente limitado - o que incomoda ainda mais quem o conhece das HQs. Bem simplório, o arco em torno do personagem se contenta em usá-lo apenas como a antítese de Deadpool. Desperdício.
O mesmo acontece com outro dos principais coadjuvantes, o jovem Russell Collins interpretado por Julian Dennison. Assim como fez com Negasonic no longa original, Deadpool 2
aposta na conexão entre o Mercenário Tagarela com uma criança
problemática, agora com tendências maléficas. Por mais que haja um pano
de fundo em torno do preconceito, mote central nas histórias dos X-Men,
tal proposta é escanteada de forma a justificar a chegada de Cable ao
presente retratado. Paralelamente, os rumos do roteiro em relação ao
jovem Russell priorizam um easter egg dos quadrinhos e exageros
típicos de candidatos a supervilão do que propriamente à uma condução
coerente do personagem - a parceria estabelecida é de fazer o fã das HQs
vibrar em um primeiro momento, mas não se sustenta por muito tempo.
Problemas de roteiro à parte, alguns esculhambados pelo próprio filme - o que soa como "justificativa" -, Deadpool 2 diverte bastante graças a algumas piadas demolidoras. Do início até a sequência de abertura, o longa brilha intensamente ao som de intensas gargalhadas, que diminuem de tom - mas nunca somem - quando o roteiro caminha por outros rumos. É quando o desnivelamento da narrativa surge de forma mais escancarada, por mais que seja divertido ver Deadpool na mansão Xavier e o trecho da X-Force até surpreenda - atenção à piada-frame relacionada ao Vanisher, sensacional!
No mais, trata-se do bom e velho Deadpool que conhecemos: boca suja e politicamente incorreto, brincando com a quebra da quarta parede e naturalmente contorcionista, explorando ao máximo o fator de cura - inclusive numa insólita chave de braço. Se os coadjuvantes têm pouco brilho ou mesmo algum desenvolvimento, o que o sustenta de fato é a taquicardia impiedosa do Mercenário Tagarela, que resulta em (breves) sequências geniais - não perca, de jeito algum, as cenas pós-crédito.
Problemas de roteiro à parte, alguns esculhambados pelo próprio filme - o que soa como "justificativa" -, Deadpool 2 diverte bastante graças a algumas piadas demolidoras. Do início até a sequência de abertura, o longa brilha intensamente ao som de intensas gargalhadas, que diminuem de tom - mas nunca somem - quando o roteiro caminha por outros rumos. É quando o desnivelamento da narrativa surge de forma mais escancarada, por mais que seja divertido ver Deadpool na mansão Xavier e o trecho da X-Force até surpreenda - atenção à piada-frame relacionada ao Vanisher, sensacional!
No mais, trata-se do bom e velho Deadpool que conhecemos: boca suja e politicamente incorreto, brincando com a quebra da quarta parede e naturalmente contorcionista, explorando ao máximo o fator de cura - inclusive numa insólita chave de braço. Se os coadjuvantes têm pouco brilho ou mesmo algum desenvolvimento, o que o sustenta de fato é a taquicardia impiedosa do Mercenário Tagarela, que resulta em (breves) sequências geniais - não perca, de jeito algum, as cenas pós-crédito.
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